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Quem escreve sabe que as palavras
não marcam hora, não discernem lugar.
Se eu estiver em Paris, hoje eu falo de amor,
mas amanhã posso falar que
a arquitetura do lugar, supera os clichês,
marca o olhar, o café traz aroma de casa,
as crianças, passeiam pela cidade,
senhoras e senhores, essa é a cidade de vocês,
sonhada por quem não a tem,
desfrutada por quem vê além.
Se eu andar pelas ruas de Aleppo com certeza
hoje me emociono e posso criar versos de consolo,
mas amanhã, posso me derramar em lágrimas de sangue,
transbordar em palavras a dor daquele lugar,
iniciar uma RCP para esperança voltar a bater,
pena que não há mais portas intactas,
estão todas mutiladas.
Em casa ou lá fora, de manhã ou pela madrugada,
quem escreve sabe que a orquestra sinfônica
que mais compõem fracassos ou sucessos
com toda certeza é a orquestra das palavras,
que se entrelaça com o subconsciente,
trazendo a tona os lugares obscuros da mente.